terça-feira, 18 de dezembro de 2007

VACACIONES!

fui ali. respirar outros (bons) ares. ver coisas e gentes antes nunca vistas. tomar um sorvete freddo e uns bons vinhos. ouvir piazzolla no meio da rua y hablar un poquito de español. depois subo um tantinho, para cumprir minha tradição de natal (atravessar a paulista de mãos dadas com os papai-noéis do banco real), encontrar com o gilberto freyre na estação da luz e tomar um banhinho de civilização e cultura. no meio de tudo, se der, dou sinal de vida. caso contrário, conto tudo em dois mil e oito.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

DIVAGAÇÕES

*dois mil e sete em fortaleza na reta final.
*dias de menos e defesas de monografia e confraternizações de natal demais.
*trezentos e vinte e seis presentes para comprar.
*um dois mil e oito que ninguém sabe o que será.
*e o orkut, definitivamente, é "cousa do cão".

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

DUAS VOLTAS

dividindo com quem não pode ver in loco.
[gentileza da fá, mais uma].

domingo, 2 de dezembro de 2007

EU QUERIA TER UM PÔNEI!


tri-amada,

Se me permite, o último quadro da tirinha fecharia teu texto c/ o humor que me é peculiar e a poesia que te move. (ou paralisa, depende do dia...rs)

Sinceramente? Que faço eu da vida se tu um dia conseguir ser essa outra mulher que sonha? aff... e quem mais captaria minhas entrelinhas? De alguma forma, tu, tua alma imoral e tua mente over pensante me devolvem um cadim do senso de pertença... como se minha inadequação não fosse assim tão irremediável, sabe?

Sempre por perto. Se precisar, grite.

(adorando essas aparições assim, mais constantes no blog!)

bjos meus.*
[*clara, por e-mail, em resposta ao meu último post.]
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sou eu demais, tri. imagina se tu vivesses perto o suficiente de mim para me ver suspirando ao assistir ao animal planet, pensando: "eu queria largar tudo e ir para a espanha cuidar dos chimpanzés da fundación mona".
é por essas e por outras que eu amo esta biroska.
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e, como eu previ, a árvore da praça portugal está montada, esse ano toda feita de redes (brancas) de dormir - um deslumbre de cearensidade natalina!

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

DIA DE SÃO NUNCA

eu sonho com o dia em que virei aqui para dizer que sou uma outra mulher. que a poesia já não me é assim tão indispensável. que a realidade me é suficiente. que gosto mais do futuro que do passado. que meus exercícios diários de inteireza me levaram a algum lugar. que não preciso mais tanto assim do meu rico e inalcançável mundinho interior. que nem desejo mais fugir dirigindo um carro conversível ao som de sade. nem dançar sem música no pátio do palácio da abolição ao luar ou tomar um corneto ao som de caruso em cascais, numa manhã de sol de inverno.
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enquanto esse dia não vem, sigo com a minha sina de ser eu.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

POESIA DE UMA CIDADE VAZIA

*lua linda hoje, pras bandas da santos dumont.*
*luzinhas de natal do jardins (ex-aldeota) open mall - minhas preferidas de todos os anos.*
*e daqui para o final de semana a árvore da praça portugal estará montada outra vez.*
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[passou-se um ano inteiro]

sábado, 24 de novembro de 2007

DIALÉTICA

é claro que a vida é boa
e a alegria, a única indizível emoção
é claro que te acho linda
em ti bendigo o amor das coisas simples
é claro que te amo
e tenho tudo para ser feliz
mas acontece que eu sou triste...
(vinícius de moraes, 1960)

domingo, 18 de novembro de 2007

POR QUÉ NO TE CALLAS?

e enquanto a mesa inteira discustia, certa noite deste final de semana prolongado, no degusti, sobre marcas e modelos de automóveis - papinho japonês em braile para mim - eu abstraía prestando atenção no moço que cantava, quase tão lindamente quanto o original bob marley, i don´t wanna wait in vain for your love... às vezes eu tomo consciência do imenso vão que há entre mim e o mundo.
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e por falar em inadequação a este mundo, é isso - precisamente isso, clara, my dear - que você mais tem de clara d´a casa dos espíritos, certamente.
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já sobre o episódio na cúpula ibero-americana, devo dizer, fá, que sou um tanto suspeita para falar sobre o assunto, graças à simpatia gratuita e declarada que tenho pelo rei juan carlos. talvez, por ter vivido em madrid e testemunhado a adoração que o povo espanhol tem pela família real, sobretudo por ele, que meio que personifica o fim do trauma franquista. no mais, sejamos francas, desconsiderando a parcela de verdade das acusações de chávez à política exterior espanhola pouco ortodoxa da era aznar, o moço se mostrou tão mal-educado e tão inapto à diplomacia que acabou corroborando, diante do mundo inteiro, para a idéia repulsiva - porém às vezes irrefutável - de que nós, latino-americanos, somos um povo selvagem e irrefletido. palmas para o zapatero que, com toda a classe e diplomacia que a situação exigia, expressou sua discordância, respeitando a ausência de aznar e a legitimidade de seu mandato. e, se me permite a tietagem, palmas para a humanidade do rei, que mostrou que tem sangue na veias, azul, mas espanhol. olé!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

sábado, 17 de novembro de 2007

JESUS E OS APÓSTROFOS


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jesusmariaejosé!!!
e o "fotógrafo" daquela jantinha não teria sido da vinci???
[a propósito, só para que conste nos autos, eu dou sorte com gente que tem apóstrofo no nome.]

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

ERA UMA VEZ NO CHILE...

o que é o jeremy irons na pele de esteban trueba?
[a virilidade e a integridade encarnados?]
o que é a menina que faz o papel de clara quando pequena?
[a miniatura da meryl streep?]
o que é aquele (re)encontro de blanca (winona rider) e pedro (antonio banderas) depois de tantos anos - o do dia da vitória da oposição?
[o abraço saudoso mais autêntico da história do cinema?]
o que é o meu desespero na hora em que ela leva a alba (filha dos dois) para conhecê-lo?
[a certeza de que poucas coisas na vida de uma mulher podem ser tão emocionantes como aquilo?]
o que é a glenn close no papel da amarga e atormentada ferula?
[a ausência de amor encarnada?]
e o que é a meryl streep protagonizando os dois filmes que eu mais amo na vida?
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se ainda não leu - leia!
[a casa dos espíritos é um clássico da litertura latino-americana e isabel allende é autora obrigatória].
se ainda não viu o filme - assista!
[é um sacrilégio morrer sem ver o que tentei narrar aí em cima - para as meninas, em especial, é um desperdício não conferir o jeremy irons mais viril que na pele do papai gostosão de perdas e danos]
se já viu - veja (e morra de chorar) de novo!
[a história é de uma grandeza e de uma sensibilidade absurdas. o livro é incrível. e o filme só não é perfeito porque não é em espanhol.]
vale cada lágrima derramada e toda a ruminação posterior.
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passei só para deixar essa diquinha de feriado. afinal, não consigo ver coisas lindas e não pensar nas almas sensíveis de vocês!
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e eu só penso em voltar de buenos aires (mês que vem) com um exemplar de cada livro de isabel em espanhol.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

PERDER O VAZIO É EMPOBRECER

minha solidão é vasta e silenciosa. não é triste, nem alegre. é mansa. quer calar, quer entender. quer desapegar-se de tudo. quer antes ouvir do que falar. não quer conselhos alheios, apenas os próprios. é egoísta, não divide. não está disposta. não quer, não vai, não faz. vê filmes, ouve músicas, lamenta não ter tido tempo para livros não-profissionais. espanta-se - ainda! - com a ironia da vida. atravessa oceanos. alcança montanhas de terras distantes, onde tudo é terracota. sente muito. cala fundo. sonha adoidado. pensa, pensa demais, e espera. é paciente, e muito racional. por vezes, distrai-se com coisas mundanas: cargo, carro amarelo, roupas e cabelo novos. noutras, com coisas divinas: um fim de tarde lilás ou a lua cheia de outubro. distancia-se do mundo. e vai tomando a dolorosa consciência do tempo.

sábado, 20 de outubro de 2007

ALMAS IMORAIS

enquanto a vida prática continuava a me absorver completamente e eu enlouquecia com os preparativos para a próxima varredura do MEC, elas se encontravam de novo. desta vez não em ipanema, mas no mesmo rio. deus sabe como eu queria ter estado lá, brindando com elas ao delicado da vida, escrevendo em guardanapos, falando de imperativos categóricos e da poesia cotidiana. a vida há de prover uma nova calçada de ipanema para nós, minhas tris... ah, há!


domingo, 30 de setembro de 2007

LONG TIME NO SEE

eu? alimentando-me de amores e alegrias REAIS. sem tempo, sem saco e sem motivos para aparições VIRTUAIS.
[à mô e clara ainda devo um e-mail com maiores esclarecimentos sobre meu estado de saúde e muitos encontros em ipanema, em resposta ao amor e atenção a mim sempre dedicados. à carol, devo a explicação de como operar o viplay para assistir a terceira temporada de lost, que lhe gravei. à candice (a outra de mim), devo um café na delitália. à ju, eu devia a adoção de um panda, mas já o fiz (vejam e alimentem o mandela no final desta página). aos demais, nada devo.]

sábado, 25 de agosto de 2007

E NÃO FORAM FELIZES PARA SEMPRE

e ontem eu vi a tristeza de frente, bem dentro dos olhos verdes de um moço que me contou uma estória de amor sem final feliz - mais uma entre tantas.
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os conheci há alguns anos atrás. ele, amigo de um amigo do fernando (paulistanos sempre acabam se esbarrando no ceará). ela, irmã do marido de uma amiga minha. neste mundo lost, em que todos estão irremediavelmente conectados, por que não estaríamos nós?
ele, um cara legal, tranqüilo, inteligente, mas de pouca sorte. havia migrado para cá em busca de melhores ares. abriu uma loja de decoração nas imediações da santos dumont que, apesar da boa localização, não dava lucro. pelejou com a loja até onde pôde, mas chegou o dia em que teve de fechá-la. passou, então, a vender travesseiros aromatizados com ervas calmantes - idéia bonitinha e bem intencionada, mas pouco viável financeiramente. pelejou com os travesseiros até onde pôde, mas a grana ficou curta demais e teve de voltar às origens. nunca mais ouvi falar dele, até ontem.
ela, uma moça com pinta de maluquinha, que sempre me pareceu tão desconectada do mundo real quanto ele. nisso davam bem certo. a conheci pouco, mas estivemos juntas vezes o suficiente para que eu percebesse que ela gostava um bocado mais dele do que ele dela. uns tempos depois, mais ou menos na época em que ele pelejava com os travesseiros, soube, por telefone, pela minha amiga, que é cunhada dela, que as coisas haviam desandado entre os dois e que ela estava bem mal. e nunca mais soube dela, até ontem.
ontem, nos encontramos - eu e ele - por acaso, quando eu já ia embora de um bar onde tinha ido encontrar uns amigos e comer uma pizza. ele explicou que tinha vindo a fortaleza resolver uns problemas jurídicos, que a vida em são paulo não estava nada fácil, que gostaria de ficar mais mas que tinha de voltar logo porque a mãe, que já era depressiva e diabética, tinha tido um avc - eu disse que ele era um moço de pouca sorte. de repente, como quem precisa falar no assunto mas não tem com quem, ele me perguntou se eu tinha notícias dela. disse que, depois que eles se separaram, e que ele foi embora, os dois sempre se falavam. faziam aniversário no mesmo dia e isso havia se tornado um excelente pretexto para restabelecer o contato. até o dia em que ela o pediu para que não a procurasse mais, porque assim ela não conseguia seguir adiante. passaram-se dois anos e meio desde então. essa semana, quis o destino que ele voltasse a fortaleza. e ele, que por amor a ela não a tinha procurado mais, pensou que não poderia ir embora sem antes saber notícias. chegou à conclusão de que o melhor a fazer seria ligar para a mãe dela, que a protegeria do contato se isso fosse o melhor. tomou fôlego e ligou. quis o destino que ela atendesse. chamou pela mãe, mas ela, como tinha de ser, reconheceu-lhe a voz. conversaram amenidades até que ele quis saber se ela tinha casado, se tinha tido filhos. foi quando teve de ouví-la dizer que estava grávida e que a cesariana estava marcada para a próxima quinta-feira. demorou um pouco para acreditar que ela não estava brincando e que quis o destino que ele estivesse aqui justo na semana em que ela viraria mãe. tomou fôlego outra vez e disse que gostaria de encontrá-la, de conversar, de ver sua barriga. ela consentiu - depois de hesitar por um segundo, imagino. já diria o vinícius que a hora do sim é o descuido do não. decidiram que seria na sexta, ontem. desligaram assim. aí veio o racional para dizê-lo o quanto isso poderia foder com a cabeça dela, e que isso não era justo, não nesse momento, não nessa semana. decidiu, então, que não a ligaria para marcar hora e local. mas ela ligou, para dizer que havia pensado e achado melhor não vê-lo, não nesse momento, não nessa semana. entre o homem de sua vida e um filho, uma mulher sempre decide pelo segundo. ele teve de concordar. os finais felizes são prerrogativa da ficção.

domingo, 19 de agosto de 2007

VÁCUO

de repente, vi-me vazia, muda e analfabeta. como se tudo o que eu pudesse escrever já o tivesse sido, por Vinícius, Quintana, Clarisse ou Clara.
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e eu tenho até sexta para encontrar uma companhia zen o suficiente para ir comigo ao show do krishna das. Rafa do céu, como eu entro em contato contigo se não tenho teu telefone, se você saiu do orkut e se não há como comentar na tua biroska?

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

LIKE THE DESERT MISS THE RAIN

o solo está árido. o vento, seco. e a chuva, escassa. é estiagem no meu mundinho interior, entendam. não é tristeza, nem desesperança. apenas realidade demais para esse coração dom-quixotesco. quando brotar poesia de novo, venho avisar.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

PORQUE, APESAR DA VIDA, AINDA VIVO

depois de dois meses de sondagens, promessas, (des)confirmações, confusão, ansiedade, dúvidas, negociações e muita especulação, fui promovida. dizem por aí que o que é do homem o bicho não come. agora disponho de uma sala, de uma mesa, de duas secretárias, de um computador e de uma senha de acesso a arquivos sigilosos. agora coordeno professores que foram meus professores e ex-coordenadores que não me deram oportunidade quando precisei - situações que não me envaidecem em absoluto. apenas me apraz - e muito! - observar a ciranda da vida!
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dizem que a fofoca é um importante instrumento de controle social.
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e eu diria que, no final das contas, os amigos que valem são aqueles que, lá longe, fazem promessa a São Camilo de Léllis por você. aqueles que te trazem cocada da Bahia. e também aqueles que te ligam no trabalho só para te ler Oscar Wilde*. eu sou uma pessoa feliz!
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*Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela cara lavada e a alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também a sua maior alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e a outra metade velhice. Crianças para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

terça-feira, 24 de julho de 2007

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???????? ??????????. ??????????, ??????? ????????, ????????. ??????????!

quarta-feira, 18 de julho de 2007

LUTO!

tristeza íntima desde ontem, apesar de toda a agitação externa. e sempre me vem Mário Quintana: "Essa vida é uma estranha hospedaria, de onde se parte quase sempre às tontas, pois nunca as nossas malas estão prontas, e a nossa conta nunca está em dia."
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amemos, queridos, nunca sacrificando ao exercício de outros deveres, este, sagrado, do amor.
amemos e digamos que amamos. e não percamos jamais uma oportunidade de abraçar aqueles que. lembremos, queridos, sempre, da finitude da vida - desta, pelo menos.

domingo, 15 de julho de 2007

ORAÇÃO AO TEMPO

e ontem foi dia de reverenciar o Tempo.
de comemorar a Revolução Francesa e o meu ano novo particular.
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"És um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho
Tempo Tempo Tempo Tempo, vou te fazer um pedido
Tempo Tempo Tempo Tempo
Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos
Tempo Tempo Tempo Tempo entro num acordo contigo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Por seres tão inventivo e pareceres contínuo
Tempo Tempo Tempo Tempo és um dos deuses mais lindos
Tempo Tempo Tempo Tempo
Que sejas ainda mais vivo no som do meu estribilho
Tempo Tempo Tempo Tempo ouve bem o que te digo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Peço-te o prazer legítimo e o movimento preciso
Tempo Tempo Tempo Tempo quando o tempo for propício
Tempo Tempo Tempo Tempo
De modo que o meu espírito ganhe um brilho definido
Tempo Tempo Tempo Tempo e eu espalhe benefícios
Tempo Tempo Tempo Tempo
O que usaremos pra isso fica guardado em sigilo
Tempo Tempo Tempo Tempo apenas contigo e migo
Tempo Tempo Tempo Tempo
E quando eu tiver saído para fora do teu círculo
Tempo Tempo Tempo Tempo não serei nem terás sido
Tempo Tempo Tempo Tempo
Ainda assim acredito ser possível reunirmo-nos
Tempo Tempo Tempo Tempo num outro nível de vínculo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Portanto peço-te aquilo e te ofereço elogios
Tempo Tempo Tempo Tempo nas rimas do meu estilo
Tempo Tempo Tempo Tempo"
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quinta-feira, 12 de julho de 2007

DA SAUDADE, sentimento tão canceriano

e hoje, lendo postais que não foram enviados a mim, me deparei, no verso de um com tulipas holandesas, com uma frase de Clarisse:
"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."
aí eu lembrei de Neruda:
"Saudade é a solidão acompanhada, é quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já. Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida... Saudade é sentir que existe o que não existe mais."
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e hoje não hei de dizer mais nada, senão isso: na minha condição de duplamente canceriana, enquanto a coca-cola continuar preta, seguirei sentindo saudades, de tudo.
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[a lembrança pinta certos dias com cores que nunca esmaecem.]

quarta-feira, 11 de julho de 2007

MEMÓRIAS DA EMÍLIA

"A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais. [...] A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. Pisca e mama; pisca e brinca; pisca e estuda; pisca e ama; pisca e cria filhos; pisca e geme os reumatismos; por fim pisca pela última vez e morre. - E depois que morre? - perguntou o Visconde. - Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?"
(Monteiro Lobato)
*junte-se a isso um coração sensível, um ambiente lúdico, uma voz infantil e um sem-número de luzinhas piscando e terás uma mulher de trinta chorando incontidamente no museu da língua portuguesa. quando em são paulo, queridos, não deixem de ir.
[e sim, eu ainda ando ruminando as coisas que vi por lá!]
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eu? jantando cereal matinal, porque sou é do contra.
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e próximo sábado eu vou comemorar com os de perto na mesa e os de longe no coração.

terça-feira, 10 de julho de 2007

CORES DA BAHIA

apaixonei-me à primeira vista pelas cores e sombras de candinho, um jovem pintor baiano. rodei salvador inteiro para encontrar um quadro do tamanho que eu imaginava. no último dia, deparei-me com esse aqui no mercado modelo. como ele estava destinado a ser meu, consegui um abatimento de seiscentos contos sobre o preço inicial e o trouxe para casa. todo dia olho para a parede da minha sala e penso que eu deveria ter pago os seiscentos réis a mais. porque ele vale e me faz feliz. uma vez tentei contar quantas pessoas tinham nele e me perdi repetidamente. virou uma questão de honra. algum desocupado se habilita a fazer essa caridade, pelamordeDeus?! cecília desenvolveu uma técnica e jurou que são sessenta e sete, mas eu quero a prova dos nove. dou dois pirulitos do zorro e um copo do meu suco verde para quem acertar.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

AUTO-RETRATO

"in.felicidade é uma questão de prefixo."
des.esperança, também.
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e, pegando o mote da moça que lembrou de mim quando leu essa frase, vamos de filminho que a falta do que dizer tá grande e o final de semana tá aí.


quarta-feira, 4 de julho de 2007

DOÑA EURÍDICE DE LA MANCHA

suco verde à base de couve, hortelã, pepino, cenoura, semente germinada e uma maçãzinha pra ficar gostoso que eu sou filha de Deus (coado num saco de escaline com furinhos feitos com incenso). chá verde intermitentemente. leite e sobremesas de soja. duas castanhas do pará por dia. e um copo de suco de uva. zero Bono. consumo limitado de lactose. massagem às segundas e quartas. esteira e uma musculaçãozinha leve quatro vezes por semana. yoga esporadicamente. eu contra os meus últimos exames. se eu não embonitar dessa vez, tem mais jeito não.
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naturebices à parte, ando aqui pensando, com meus botões, que os dias que passamos longe dos que amamos são inteiramente irrecuperáveis e que cada dia de vida é mais um dia a menos que um dia a mais.
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no mais, aproveitando as curtas férias de julho e as últimas surpresas dos trinta. me dando o luxo de adiar coisas práticas para passar boa parte dos dias esfregando o pé no meu lençol de percal 180 fios, enquanto leio, finalmente, os tantos livros acumulados do semestre. no momento, na página cento e vinte e quatro de O Vulto das Torres, produto de uma intensa pesquisa jornalística de Lawrence Wright, ganhador do prêmio Pulitzer 2007, na categoria não-ficção, que desenha a construção do pensamento radical islâmico, desde a década de 50 até o 11 de setembro; traça um perfil complexo de Osama bin Laden (estou muitíssimo bem impressionada com Mohammed bin Laden, seu pai); e decodifica as bases da Al-Qaeda. na fila, mais dois do gênero, começados e não terminados: Seis dias de guerra, de Michael B. Oren - fundamental para o entendimento do Oriente Médio contemporâneo, a despeito de seu enfoque notadamente pró-Israel - e Poder e Terrorismo, compilação de entrevistas e conferências proferidas por Chomsky pós-11 de setembro. na fila dos não-profissionais, releituras e dívidas pessoais: A Descoberta do Mundo e Perto do Coração Selvagem, de Clarisse; O Amor nos tempos do Cólera, de García Márquez; e Inventário do Irremediável e Morangos Mofados, de Caio Fernando Abreu.
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e diz Cervantes que Dom Quixote enlouqueceu de tanto ler.

terça-feira, 3 de julho de 2007

MONÓLOGO DE ORFEU

Mulher mais adorada!
Agora que não estás, deixa que rompa o meu peito em soluços.
Te enrustiste em minha vida e cada hora que passa é mais por que te amar.
A hora derrama o seu óleo de amor, em mim, amada...
E sabes de uma coisa? Cada vez que o sofrimento vem, essa saudade de estar perto, se longe, ou estar mais perto, se perto, – que é que eu sei!
Essa agonia de viver fraco, o peito extravasado, o mel correndo; essa incapacidade de me sentir mais eu, Orfeu; tudo isso que é bem capaz de confundir o espírito de um homem – nada disso tem importância quando tu chegas com essa charla antiga, esse contentamento, essa harmonia, esse corpo! E me dizes essas coisas que me dão essa força, essa coragem, esse orgulho de rei.
Ah, minha Eurídice, meu verso, meu silêncio, minha música! Nunca fujas de mim!
Sem ti sou nada, sou coisa sem razão, jogada, sou pedra rolada.
Orfeu menos Eurídice...Coisa incompreensível!
A existência sem ti é como olhar para um relógio só com o ponteiro dos minutos.
Tu és a hora, és o que dá sentido e direção ao tempo, minha amiga mais querida!
Qual mãe, qual pai, qual nada! A beleza da vida és tu, amada, milhões amada!
Ah! Criatura! Quem poderia pensar que Orfeu: Orfeu cujo violão é a vida da cidade; e cuja fala, como o vento à flor, despetala as mulheres - que ele, Orfeu, ficasse assim rendido aos teus encantos!
Mulata, pele escura, dente branco.
Vai teu caminho que eu vou te seguindo no pensamento e aqui me deixo rente quando voltares pela lua cheia para os braços sem fim do teu amigo!
Vai tua vida, pássaro contente! Vai tua vida que estarei contigo!

[Vinícius de Moraes, 1953, para a tragédia greco-carioca Orfeu da Conceição]
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Lindo, não? Acho que isso explica o batismo desta biroska.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

OBVIEDADES

Quando algo parecer bom demais para ser verdade, todo cuidado é pouco.
Quando uma coisa parecer boa demais para ser verdade, muito provavelmente é isso mesmo: uma coisa boa demais para ser verdade.
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E cá estou eu outra vez diante do poço das incertezas. Certas coisas só acontecem comigo.

domingo, 1 de julho de 2007

MALDIÇÃO QUE SALVA

Cansei de resistir ao meu ímpeto de escrever - as privações já são demais nesta vida.
Depois de meu poético encontro com duas das mais encantadoras espécimes do universo blogueiro, numa tarde recente em ipanema, recomeçar eu poderia de muitas maneiras, se a vida relatável fosse. Depois de meu reencontro com Clarisse, numa outra tarde recente na Estação da Luz paulistana, no entanto, estou certa de que não haveria outra forma de recomeçar senão desta:

"Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me lembro por que exatamente o disse, mas o disse com sinceridade. Hoje repito: escrever é uma maldição, mas uma maldição que salva. Não estou me referindo a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase possível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada..."

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É primeiro de julho, queridos, e estou de volta. Não sei por quanto tempo desta vez, mas devo avisar que estou disposta a enfeitar isso aqui com fotinhas e frases curtas, minhas e alheias, quando o tempo estiver curto ou a inspiração falha. Se a mão ainda está boa ou se dará certo não sei. Teremos de viver para ver se escrever é como andar de bicicleta.