sexta-feira, 30 de novembro de 2007

DIA DE SÃO NUNCA

eu sonho com o dia em que virei aqui para dizer que sou uma outra mulher. que a poesia já não me é assim tão indispensável. que a realidade me é suficiente. que gosto mais do futuro que do passado. que meus exercícios diários de inteireza me levaram a algum lugar. que não preciso mais tanto assim do meu rico e inalcançável mundinho interior. que nem desejo mais fugir dirigindo um carro conversível ao som de sade. nem dançar sem música no pátio do palácio da abolição ao luar ou tomar um corneto ao som de caruso em cascais, numa manhã de sol de inverno.
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enquanto esse dia não vem, sigo com a minha sina de ser eu.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

POESIA DE UMA CIDADE VAZIA

*lua linda hoje, pras bandas da santos dumont.*
*luzinhas de natal do jardins (ex-aldeota) open mall - minhas preferidas de todos os anos.*
*e daqui para o final de semana a árvore da praça portugal estará montada outra vez.*
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[passou-se um ano inteiro]

sábado, 24 de novembro de 2007

DIALÉTICA

é claro que a vida é boa
e a alegria, a única indizível emoção
é claro que te acho linda
em ti bendigo o amor das coisas simples
é claro que te amo
e tenho tudo para ser feliz
mas acontece que eu sou triste...
(vinícius de moraes, 1960)

domingo, 18 de novembro de 2007

POR QUÉ NO TE CALLAS?

e enquanto a mesa inteira discustia, certa noite deste final de semana prolongado, no degusti, sobre marcas e modelos de automóveis - papinho japonês em braile para mim - eu abstraía prestando atenção no moço que cantava, quase tão lindamente quanto o original bob marley, i don´t wanna wait in vain for your love... às vezes eu tomo consciência do imenso vão que há entre mim e o mundo.
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e por falar em inadequação a este mundo, é isso - precisamente isso, clara, my dear - que você mais tem de clara d´a casa dos espíritos, certamente.
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já sobre o episódio na cúpula ibero-americana, devo dizer, fá, que sou um tanto suspeita para falar sobre o assunto, graças à simpatia gratuita e declarada que tenho pelo rei juan carlos. talvez, por ter vivido em madrid e testemunhado a adoração que o povo espanhol tem pela família real, sobretudo por ele, que meio que personifica o fim do trauma franquista. no mais, sejamos francas, desconsiderando a parcela de verdade das acusações de chávez à política exterior espanhola pouco ortodoxa da era aznar, o moço se mostrou tão mal-educado e tão inapto à diplomacia que acabou corroborando, diante do mundo inteiro, para a idéia repulsiva - porém às vezes irrefutável - de que nós, latino-americanos, somos um povo selvagem e irrefletido. palmas para o zapatero que, com toda a classe e diplomacia que a situação exigia, expressou sua discordância, respeitando a ausência de aznar e a legitimidade de seu mandato. e, se me permite a tietagem, palmas para a humanidade do rei, que mostrou que tem sangue na veias, azul, mas espanhol. olé!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

sábado, 17 de novembro de 2007

JESUS E OS APÓSTROFOS


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jesusmariaejosé!!!
e o "fotógrafo" daquela jantinha não teria sido da vinci???
[a propósito, só para que conste nos autos, eu dou sorte com gente que tem apóstrofo no nome.]

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

ERA UMA VEZ NO CHILE...

o que é o jeremy irons na pele de esteban trueba?
[a virilidade e a integridade encarnados?]
o que é a menina que faz o papel de clara quando pequena?
[a miniatura da meryl streep?]
o que é aquele (re)encontro de blanca (winona rider) e pedro (antonio banderas) depois de tantos anos - o do dia da vitória da oposição?
[o abraço saudoso mais autêntico da história do cinema?]
o que é o meu desespero na hora em que ela leva a alba (filha dos dois) para conhecê-lo?
[a certeza de que poucas coisas na vida de uma mulher podem ser tão emocionantes como aquilo?]
o que é a glenn close no papel da amarga e atormentada ferula?
[a ausência de amor encarnada?]
e o que é a meryl streep protagonizando os dois filmes que eu mais amo na vida?
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se ainda não leu - leia!
[a casa dos espíritos é um clássico da litertura latino-americana e isabel allende é autora obrigatória].
se ainda não viu o filme - assista!
[é um sacrilégio morrer sem ver o que tentei narrar aí em cima - para as meninas, em especial, é um desperdício não conferir o jeremy irons mais viril que na pele do papai gostosão de perdas e danos]
se já viu - veja (e morra de chorar) de novo!
[a história é de uma grandeza e de uma sensibilidade absurdas. o livro é incrível. e o filme só não é perfeito porque não é em espanhol.]
vale cada lágrima derramada e toda a ruminação posterior.
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passei só para deixar essa diquinha de feriado. afinal, não consigo ver coisas lindas e não pensar nas almas sensíveis de vocês!
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e eu só penso em voltar de buenos aires (mês que vem) com um exemplar de cada livro de isabel em espanhol.