terça-feira, 27 de maio de 2008

a bênção, bahia!

foi assim meu salvador 2008.
com direito a pôr-do-sol furta-cor.
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por aqui, dias estranhos.
com terremotos em sentido denotativo e conotativo.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

avisa lá, avisa lá, avisa lá ô ô, avisa lá que eu vou...

tô indo ali, queridos, perder a voz, mais uma vez,
diante do "maior mar do mundo".
assistir a dois pores-de-sol. um no farol, outro no mam.
procurar outro quadro de candinho no mercado modelo.
comer acarajé e cocada legítimos.
e pedir a bênção, pra mim e pra vocês, ao senhor do bonfim,
a santo antônio (da barra) e a todos os orixás.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

noor-ho-tebbe

será que os amores seriam os mesmos sem djavan, vinícius, chico e roberto (carlos)??? estou certa de que não. é a música que colore o amor.
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a própósito, o violão de glen hansard e o piano marketa irglova têm dado um tom blue aos dias cinzas que insistem em pairar sobre fortaleza.
[sim, eu ainda ando ruminando o filme!]
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p.s.: se eu fosse música, comporia uma bem bonita esta noite.

domingo, 11 de maio de 2008

once

minhas almas sensíveis amadas, façam-se um favor: assistam once. estou encantada. mais um filme europeu que entra na lista dos meus top 10. será minha trilha sonora diária nos próximos meses.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

separação

Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles. Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória. Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se-ia haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação. Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de seccionar aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce. Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele separada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela. Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e agasalhara nos instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias - um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas. De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde...

[vinícius de moraes]

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tem alma de poeta todo aquele que consegue ver beleza na tristeza.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

ene-a-o-til

"Na rotina de 'me ser' tanto compromisso como a coerência e a precisão deve ter me envelhecido séculos."
[clara (del valle)]
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em compensação, parece que finalmente eu aprendi a dizer não.