quinta-feira, 30 de abril de 2009

simple like that

"happiness is when what you think, what you say, and what you do are in harmony."
[mahatma gandhi]

domingo, 26 de abril de 2009

lady lispector

"sempre tive a sensação de mal-estar no mundo, uma sensação de não caber no meu espaço, um desconforto diante de meus pares – eu me pergunto: tenho pares? eu sabia que em mim há uma mulher que tento esconder ferozmente. tenho medo que as pessoas identifiquem meus excessos, essa quantidade absurda de pernas e braços que camuflo sob a roupa que visto... que diriam se soubessem das muitas que vivem em mim e tentam bravamente, numa luta corporal, projetar-se do meu corpo? tomariam-me por uma aberração? elas não podem me achar, então eu vivo a árdua tarefa de perder-me diuturnamente como no jogo de esconde-esconde. qualquer hora dessas vou perder-me de tal modo que não mais serei capaz de fazer minha montagem humana. tropeçarei nas pernas, trocarei os pares de braços e não saberei a quem pertenço."
[clarisse lispector]
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enviado há alguns dias para mim, via depoimento do orkut, por uma certa clara cheia de clarividência.

resumo de uma semana atípica

- minha mãe bateu o carro e passa bem.
- minha irmã foi assaltada e passa bem.
- uma aluna suicidou-se.
- meu pai escreveu suas memórias de infância e fui apresentada ao meu bisavô otávio - o barão de rothschild do icó.
- assisti três filmes israelenses: valsa com bashir, a banda e a noiva síria. [recomendo todos, especialmente este último, do mesmo diretor de lemon tree]
- fui ao teatro para ver o espetáculo mangiare. [muito legal!]
- tivemos (mais) um feriado na terça.
- fui ao eusébio e peguei uma chuva daquelas.
- conduzi, sozinha, uma longa reunião com os meus professores.
- levei o kalil na escola.
- fiz pequenas reformas em casa.
- comi biscoito calipso.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

a constatação e o plano

porque eu gosto (muito) mais dos bichos do que das pessoas.
e porque um dia eu ainda largo tudo e vou ser bióloga.

domingo, 19 de abril de 2009

once and again

"o correr da vida embrulha tudo. a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. o que ela quer da gente é coragem."
[guimarães rosa]

quarta-feira, 15 de abril de 2009

do manual "para gostar de são paulo"

parque buenos aires - sp

são paulo no outono é o que há. desta vez fez sol, um céu azul como dificilmente se vê, e choveu apenas o suficiente para melhorar a qualidade do ar. a temperatura oscilou gostosamente entre os 16 e os 24 graus diários e o trânsito melhorou muito quando metade dos paulistanos desceram a serra na quinta-feira santa. não consegui enganar meu costume de adoecer assim que coloco os pés na cidade e fiquei de cama um dia e meio - tempo suficiente para que eu lesse quase todos os livrinhos da coleção bossa nova da folha de são paulo da dona vera, até entrar no antibiótico e me sentir como se nada tivesse acontecido quase que instantaneamente. mesmo assim, consegui fazer quase todas as coisas que havia programado, com destaque para o tradicional jantar na casa do paulo e da carmen, o almoço natureba na nana, o encontro com o vicente no américa, e minha histórica vitória no academia, jogando contra adversários do mais alto 'padrão grow de qualidade', na hilária noite em que jorgê (definitivamente a pessoa mais engraçada que eu conheço!) narrou-nos as peripécias de seu avô josé belo - "ladrão de alpino" - no charmoso apartamento da carlos comenale.
o troféu 'passeio legal' foi para o tour, sugerido pela época são paulo, feito a pé entre higienópolis e pacaembú, únicos bairros em que eu moraria, senão no jardim paulista (considerando que eu não ganharei na mega sena para comprar aquele apartamento de 14 milhões de reais, no morumbi, ou aquela mansão da vila nova conceição!). desci a avenida angélica e atravessei o bonito parque buenos aires, saindo dele pela rua bahia. depois contornei a praça vilaboim, com parada obrigatória na barcelona de benjamim abrahão e direito a experimentar o melhor bolo de chocolate do mundo (que eu não encontrei em lisboa e acabei comendo em são paulo!) na rua alagoas. para terminar, desci até o recém-inaugurado museu do futebol, que fica dentro do estádio do pacaembú e tem entrada franca às quintas. muito legal e colorido. recomendo. e como sou a primeira pessoa que conheço a voar de azul, recomendo também. o preço é justo, as aeronaves são brasileiras, novíssimas e silenciosas. o pessoal de terra e de ar é simpático e solícito - a maioria gente que ficou na varig até o fim ou que aceitou ganhar menos do que ganhava na gol em troca de mais respeito e qualidade de vida. os atrasos são ainda inexistentes (por isso, entre outras coisas, eles optaram por não operar em cumbica e no galeão) e os serviços são rápidos e corretos. eles aboliram as incômodas poltronas do meio e os carrinhos de comida e alargaram, pouco mas consideravelmente, o corredor e o espaço entre as fileiras. por 50 reais a mais, viaja-se numa espécie de classe executiva, o que certamente valerá a pena para quem tem mais de 1,80m. no mais, a chegada e a saída por viracopos não é assim tão horrenda como que para colocar tudo a perder. considerando o trânsito que se pode pegar entre guarulhos e a paulista na maior parte dos dias e horários, o ônibus da azul é capaz de fazer o trajeto entre campinas e o villa lobos ou o eldorado, ambos na fedorenta marginal pinheiros, em até menos tempo. ê, são paulo!
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e parafraseando a minha xará: "meu povo, tenha noção!".

domingo, 12 de abril de 2009

coleção vinícius de moraes

tá bom, eu admito ter batido todos os recordes da minha vida de 'burguesinha' ao caminhar pelo iguatemi paulistano com uma sacola da amsterdam sauer na mão, mas foi por uma causa nobre. vocês conseguem pensar em alguma coisa pendurável no pescoço mais a minha cara do que isso?

bravo!

tenho uma superstição quase impublicável. em verdade, trata-se de uma superstição do fernando, que acabei por incorporar. só posso entrar num avião em posse das publicações mais recentes de duas revistas: a bravo! e a mundo estranho. eu sei que é ridículo, mas superstição nunca combinou com racionalidade e, neste caso, pelo menos, além de garantir a chegada em segurança aos meus destinos, eu chego sempre um 'cadin' mais inteligente também (bem melhor do que se a superstição envolvesse as publicações mais recentes de revistas como a caras e a contigo! - duas que só leio em salão de beleza, enquanto faço as unhas, o que, graças a esta minha vida de "executiva", eu faço cada vez com menos freqüência).
desta vez, queridos, deliciei-me, na ida, com uma entrevista a ferreira gullar - "o último grande poeta brasileiro", como o descreveu meu vinícius em 1976. em seis páginas que definitivamente merecem ser lidas (e que, portanto, eu não poderia deixar de indicar a vocês), ferreira gullar brinda o leitor com a lucidez que lhe é característica. vejam alguns trechinhos, que foram por mim selecionados, ou corram para a banca mais próxima, munidos de 14 reais, e peçam pela edição de março da revista bravo! (a edição de abril ainda não estava disponível na laselva do pinto martins dia 4):
... no fundo, a vida não passa de uma constante tensão entre acaso e necessidade.
nada escapa desse binômio?
nada. o que faz o homem sobre a terra? luta para neutralizar o acaso. eis a principal necessidade humana: driblar o imprevisível, a bala perdida. concebemos Deus justamente porque buscamos nos proteger da bala perdida. Deus é a providência que elimina o acaso. é o antiacaso.
você não crê que Ele exista?
gostaria de acreditar, mas não acredito. uma pena... poucas crenças podem ser mais reconfortantes do que a fé em Deus. Ele enche de sentido as nossas vidas sem sentido. "eu não sou cachorro, não!", cantava o waldick soriano, lembra? uma frase sugestiva, já que os homens realmente não se vêem como cachorros. os homens anseiam uma condição sublime. não à toa, inventaram Deus: para que Deus os criasse. Se você pensar direito, todas as coisas abstratas ou concretas que a humanidade constrói têm a intenção de dar significado à vida - e , não raro, um significado especial. nós, que frequentemente praticamos atos injustos, inventamos a justiça. por quê? porque desejamos ser melhores do que somos e tornar menos insolúvel o mistério de viver. a arte surge pelo mesmo motivo.
...
a falta de controle sobre o ato de escrever o angustia?
não, em absoluto. a experiência de criar um poema é maravilhosa. mas, como não depende inteiramente de mim, sei que corro o risco de nunca mais vivenciá-la. se parar de fazer poesia, vou lamentar - só que não a ponto de disparar um tiro na cabeça. nenhum poema, de nunhum poeta, me parece imprescindível. dante alighieri poderia não ter escrito 'a divina comédia'. ou poderia tê-la escrito de outro jeito. novamente: tudo se subordina à lei do acaso e da necessidade.
um poema deve sempre emocionar?
sim, deve emocionar primeiro o poeta e depois o leitor.
...
não creio mais em luta de classes. já aprendi que o capitalismo é como a natureza: invencível.
e a crise econômica que o mundo enfrenta atualmente? não põe o capitalismo em xeque?
sem dúvida atravessamos um momento delicadíssimo. mesmo assim, estou convicto de que o capitalismo resistirá. trata-se apenas de mais uma crise num sistema que vive de crises. repito: o capitalismo vai imperar porque segue a lógica da natureza. é brutal, é amoral. não demonstra piedade por nada nem por ninguém. em compensação, nos oferece uma série de benefícios. o capitalismo, à semelhança da natureza, se desenvolve espontanemente. não precisa que meia dúzia de burocratas dite o rumo das coisas, como acontecia nos regimes socialistas. em qualquer canto, há um cara inventando uma empresinha. de repente, no meio deles, aparece um bill gates. são multidões em busca de dinheiro! impossível deter uma engrenagem tão eficiente. podemos, no máximo, brigar para que as desigualdades geradas pelo capitalismo diminuam. aliás, convém que briguemos. não devemos abdicar de um mundo mais justo, ainda que capitalista.
...
em setembro de 2010, você completa 80 anos. sente-se realizado?
olha, a vida é uma cesta em que, quanto mais se põe, mais se deseja colocar. estamos sempre partindo do zero. hoje pinto um quadro ou termino de ler um livro. fico satisfeito. mas, amanhã, me pergunto: e agora?
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deixo vocês com estas reflexões, queridos. esta será uma semana cheia em termos de trabalho. duas semanas em uma só, considerando que não trabalhei na passada, em razão da viagem e do feriado da semana santa. de qualquer forma, prometo tentar voltar aqui para contar como foi são paulo. fiquem em paz e não comam o chocolate acumulado da páscoa todo de uma vez.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

amo muito tudo isso!

voar de azul pela very first time...
caminhar anônima pela paulista...
conversar horas com o velhinho mais legal do planeta...
comer pastel de feira da japa...
assistir uma peça de teatro...
tomar lanche de madrugada na galeria dos pães...
olhar para o rosa e azul de renoir...
visitar a nana...
andar de metrô...
fuçar sobre o doutorado em internacional no largo do são francisco...
estar presente no aniversário da chrys...
ver como cresceram o otávio, a sophia, o fernandinho e a isabela...
conhecer a isa e, talvez, o felipe...
me perder na cultura do conjunto nacional...
ir, a pé, comer uma pizza na veridiana da josé maria lisboa...
tomar um café na varandinha da starbucks da alameda santos com a campinas...
jantar na casa do paulo...
pegar um cineminha na reserva cultural e outro no espaço unibanco da augusta...
comer um hamburguer no américa...
e voltar a tempo de almoçar o bacalhau da minha mãe, rodeada dos meus.