domingo, 20 de janeiro de 2008

LIÇÕES DO ORIENTE

do mesmo diretor do fantástico finding neverland e baseado no best seller homônimo de khaled hosseini, o caçador de pipas é um daqueles filmes que ninguém assiste em vão. humano, forte, sensível e emocionante. não deixem de ver, queridos!
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[e cada vez mais eu me apaixono pela honradez dos muçulmanos não-fundamentalistas.]

sábado, 12 de janeiro de 2008

A CIGANA LEU O MEU DESTINO...

... e disse que eu tinha futuro.
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[viu só? nem só de passado vive uma canceriana.]

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

QUIÉN LLENARÁ DE PRIMAVERAS ESTE ENERO...

... y bajará la luna para que juguemos?...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

DUAS CIDADES, UMA VIAGEM


MI BUENOS AIRES QUERIDO!

ah, queridos! permitam-me escrever minhas impressões de buenos aires. me ajudará a organizar meus sentimentos a respeito da cidade e quem sabe ajude alguém, algum dia, que esteja indo para lá e acabe me encontrando pelo google (?).

bom, muito provavelmente alguém já tenha escrito isso em algum lugar, mas me é inevitável fugir ao possível clichê de dizer que buenos aires é uma cidade híbrida. em poucas palavras, eu diria que ela conjuga o charme europeu com a decadência sulamericana. a 9 de julio tem um quê de nova york. a corrientes é a brigadeiro luís antônio. muitos outros pontos também lembram são paulo. la boca tem um certo ar de salvador. palermo é ipanema, com suas ruas estreitas e arborizadas, mas sem o mar. puerto madero é barcelona. e a recoleta, para fechar com chave de ouro, é paris. e todos esses lugares falam espanhol, com aquele acento charmosérrimo que diz cache, ao invés de calhe (calle); chô, no lugar de djô (yo); e assim por diante. as coisas todas muito baratas. um paraíso de compras para brasileiros, que agora estão favorecidos pelo câmbio. na minha mala voltaram quatro novas camisas da lacoste, algumas peças da zara y otras cositas más, sem contar o perfuminho básico do free shop e aquele rímel da mac que eu não tive coragem de comprar no rio no meio do ano. e já que estamos falando em dinheiro, o ideal é levar um tanto de reais, para trocar diretamente por pesos em casas não exploradoras (fuja daquelas que ficam no aeroporto, na calle florida ou dentro de shoppings), e abusar do cartão de crédito. dentre eles, o visa é, disparado, o mais aceito. o dinners não é aceito em todos os lugares. outra coisa interessante é dar preferência às lojas que têm tax free. comprando nelas a economia é ainda maior porque, além do benefício do câmbio, você será, desde que se submeta a uma pequena burocracia, restituído (em dólares) do valor correspondente ao imposto (procure os guichês do global refund no aeroporto de ezeiza). sobre onde ficar, prefira os hotéis do centro. a maioria deles perde o glamour do grande recuo da calçada, mas a comodidade de poder locomover-se a pé à calle florida, às galerías pacífico, ao obelisco e mesmo à recoleta pagam a perda. para quem quer ir mais longe, os taxis são grandes aliados. a dica, aqui, é só pegar aqueles que têm a inscrição radio taxi nas portas traseiras. os outros, igualmente pintados de preto e amarelo, mas sem o detalhe, não são muito seguros. locomover-se de táxi em buenos aires é muito barato. a corrida mais cara que fiz, cruzando boa parte da cidade, custou em pesos o equivalente a R$ 12. uma pechincha. o trânsito, no entanto, é absolutamente caótico, muito em razão das reivindicações diárias dos portenhos, que adoram um piquete e são um povo de memória, ao contrário dos resignados brasileiros - nos quais, naturalmente, me incluo. durante os cinco dias em que estive por lá houve greve dos funcionários da construção civil, que reivindicavam segurança no trabalho; manifestações pelo aniversário dos seis anos da renúncia do de la rua e pelos três anos do incêndio que vitimou quase duas centenas de pessoas - a maioria jovens - na boate cromañon. andar a pé, no entanto, sempre foi e sempre será a melhor maneira de se conhecer uma cidade. também vale tomar pelo menos um ônibus ou um metrô, para incluir-se na rotina dos habitantes e experimentar o lugar como morador, e não apenas como turista. comer e beber em buenos aires é uma maravilha para os amantes das carnes e dos vinhos. os guarda-sóis da cerveja quilmes, espalhados por toda a cidade, são um convite tentador mesmo para não-apreciadores. para quem não curte carne vermelha, como eu, o lance é se contentar com boas massas, acompanhadas dos mesmos bons vinhos, ou cair de boca nas padarias e nos indescritíveis sorvetes. os da heladería freddo são, de fato, de outro mundo. eu diria, sem exagero, que seria capaz de tomar um avião e ir até lá só para tomar um sorvete de dulce de leche granizado, de preferência no pátio externo da charmosa loja da recoleta, onde pessoas tomam displicentemente seus cafés, acompanhados de alguma galletita e de um copinho de água com gás, enquanto amigos, amantes e cachorros (o golden retriever da foto chamava-se lúcio) dividem o espaço do jardim parisiense da frente com os mortos do cemitério (foto 1) mais poético que já vi na vida. ainda sobre o tema gastronômico, alfajores não podem faltar na bagagem de mão da volta. os havanna são os mais tradicionais, mas vale levar alguns abuela goye de chocolate semi-amargo con dulce de leche. também na bagagem de mão, para amantes do idioma espanhol e de autores hispanohablantes, como eu, não pode faltar um exemplar de alguma obra recém lançada. voltei com la suma de los días, da fantástica isabel allende, que obviamente devorei durante meus dias em são paulo. mas o que de melhor voltou na minha bagagem emocional, e o que ficou mesmo gravado no coração, foi o presente, absolutamente inesperado, que ganhei de buenos aires em minha última noite na cidade: a despedida de julio bocca (ma-ra-vi-lho-so bailarino argentino, mundialmente conhecido) dos palcos, o que aconteceu num armado em pleno obelisco, com direito à participação de bailarinos do royal e do american, e com "palhinha" de ninguém menos que mercedes sosa, para uma platéia de mais de duzentas mil pessoas. lindo demais ver o reconhecimento daquele povo a um artista que levou o nome da argentina para o mundo inteiro. emocionante demais vê-lo dançar, pela última vez, entre outras coisas, os pas-de-deuxo corsário, do cisne negro e - o meu preferido, por supuesto - dom quixote . gracias julio!

*curiosidades e serviços de utilidade pública: os vendedores de lojas e atendentes de restaurantes não te dão a mínima; os taxistas são simpáticos e mais cultos que muitos políticos brasileiros; as facas não cortam e as tomadas são tortas, de maneira que não é possível plugar nenhum eletro-eletrônico sem solicitar um adaptador (em espanhol, peça um adaptador de enchufe). o antigo enfado argentino parece haver sumido com o reconhecimento de que o turismo tem sido essencial para o reerguimento do país pós-crise; a pobreza não é tão miserável quanto a brasileira e não gera qualquer sensação de insegurança e o estádio do boca está completamente sucateado. ah! e cuidado com os dinheiros falsos na hora de receber troco. suspeite de notas muito novas.

SÃO PAULO, TE AMO, SÃO PAULO...

o congestionamento em são paulo começa no céu. depois de esperar exatas duas horas, dentro do avião, em ezeiza, porque precisávamos seguir uma fila para decolagem e porque havia uma greve dos controladores de vôo em montevideo, tivemos que ficar sobrevoando santos por uma hora porque não era possível entrar no espaço aéreo paulistano. menos mal que eu tinha isabel allende no colo, que a lua estava cheia e que sou do tipo que se distrai com esses pequenos mimos da natureza. passava das 23:00 horas do domingo, dia 23, ante-véspera do natal, quando desembarcamos em guarulhos, e agora o congestionamento - acreditem - era em terra. a 23 (de maio) e a paulista completamente paradas. ê são paulo! durante os quinze dias que fiquei desta vez, me revezei entre a cama (dormi muiiiiiiiito), a casa de amigos, bons restaurantes e padarias, alguns starbucks (o do cruzamento das alamedas santos e campinas tem uma varandinha que é o máximo) e a reserva cultural (para quem não conhece, um pequeno complexo que une um café, um restaurante, uma pequena livraria, um corredor de exposições temporárias e algumas salas de cinema de arte, tudo no térreo baixo no prédio da gazeta, no coração da paulista, a três quadras de onde me hospedo). lá, aproveitei para ver o bonito o amor nos tempos do coléra, adaptado do livro, de mesmo título, de gabriel garcía marquez, e o imperdível a vida dos outros (das leben der anderen), ganhador do oscar de melhor filme estrangeiro no ano passado - que vão chegar a fortaleza provavelmente só em 2010. não pude ir dar minha olhada anual no rosa e azul de renoir porque o masp estava fechado em razão do furto do retrato de suzanne bloch, de picasso, e d´o lavrador de café (vulgo negão do pezão, que é o nome que eu dou para ele quando jogo leilão de arte), de portinari, surrupiados sem resistência dias antes de minha chegada e resgatados ontem pela polícia. também acabei não indo ao encontro de gilberto freyre na estação da luz, por circunstâncias que não valem a pena mencionar. as predições algorianas pareceram confirmarem-se, mais uma vez, porque eu nunca senti tanto calor em são paulo. essa estada na paulicéia desvairada me confirmou a tese de que, ao contrário do rio, que por razões óbvias nos causa amor à primeira vista, é preciso ir seguidas vezes a são paulo para entendê-la e apaixonar-se por ela. me provou, também, que além da cidade da diversidade cultural e racial, são paulo é agora a cidade, por excelência, da diversidade sexual. tinha gay bonito saindo pelas culatras do bistrol, da galeria dos pães e do fran´s café da haddock lobo - sem falar no frei caneca (vulgo gay boneca), que esse já é notório e sabido há tempos. e eu me sentindo, como sempre, bem demais, longe do provincianismo ainda característico da minha terra e perdida no meio daquela multidão cosmopolita, democrática e que não dá a mínima para a vida dos outros.

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tá aí, queridos, o resumo prometido das minhas férias merecidas. estou de volta, à minha casa, à minha vida, ao meu trabalho (tive uma reunião ontem para comunicar, entre outras coisas, que houve a supressão de uma semana de minhas férias e eu, que voltaria a trabalhar só no dia 21, retomo minhas atividades já na próxima segunda, dia 14 - quando a esmola é grande...). estou de volta também a esta biroska, de coração aberto para tudo o que me for consentido neste 2008 recém-nascido. na medida do possível (e do publicável), vou contando tudo a vocês.