sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

micro-cosmos

com tempo de sobra neste meu pós-operatório, e criatividade de menos, vou brincar um pouco d´"as coisas que fui acumulando e que me compõem":

filmes europeus. livros sobre o oriente médio. uma considerável deferência pelo islã. ouvir mil vezes a mesma música. esparsos objetos amarelos. corujas. celular com cheiro do meu perfume. gérberas laranjas. fotos antigas numa caixa. saudades da infância. apego ao passado. impressionante capacidade de apagar más lembranças. vinícius. flamenco: ouvido e bailado. zapatos, castañuelas e falda esquecidos dentro de uma grande bolsa de lunares (leia-se bolas). lua cheia. um tapete vermelho de yoga. quatro cicatrizes, em ordem cronológica: um risquinho no queixo, herança da infância; um "T", de taíba, no tornozelo direito; outro risquinho sobre o maxilar esquerdo, onde antes eu ostentava um charmoso sinal de nascença; e - a mais recente - uma listra, por enquanto avermelhada, medindo entre sete e oito centímetros, na base do pescoço, bem acima da pequena saliência que se forma quando se encontram minhas clavículas direita e esquerda. trident canela. meu inseparável curvex. rímel indispensável. capacidade de enxergar beleza na tristeza. uma cegueira crescente, certa vez diagnosticada como "miopia dos oficiais da aeronáutica norte-americana". fascínio inexplicável por aviões. vontade crescente de estudar história da arte. óculos ray-ban. falar espanhol. comportamento paradoxal. chocolate diário. viagens. meu rico e inalcançável mundinho interior. vocação para a docência. compulsão por bolsas. convicção de que os anjos existem, vivem nas bibliotecas e se encontram, diariamente, às dezoito horas, nos telhados dos edifícios. tímida, porém real, devoção por são bento, são miguel arcanjo e nossa senhora. esperança de que um dia terei um chow-chow com nome de gente. desejo de adotar um chimpanzé da fundación mona. vontade de chorar diante da beleza. vontade de morrer pós documentários/filmes sobre a áfrica (tipo "o jardineiro fiel", "diamante de sangue" e congêneres). pavor a coentro, baratas, grosseria e ingratidão. gente querida que mora longe. culto à delicadeza. admiração por quem sabe crasear. e muitas, muitas reticências... (*hohoho*)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

a benção do silêncio

já perceberam que quanto menos a gente fala mais a gente enxerga?
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[eu ando brincando de clara del valle]

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

fundamental é mesmo o amor...

foi tanto amor antes e tem sido tanto amor depois que nem o desconforto de ter o pescoço costurado, nem a vida parada, nem as noites (mal) dormidas de barriga para cima, têm me tirado do sério. o telefone tocou e chegaram e-mails, mensagens e scraps dos quatros cantos desse brasil e de pelo menos dois continentes. gente dizendo que estava rezando, que ia mandar boas energias, que ia dar tudo certo. gente dizendo que eu ia fazer muita falta mas que segurava as pontas no trabalho até a minha volta. gente passando em casa um dia antes, de surpresa, só pra me dar um abraço e me deixar um cd de mantras. gente querendo saber como tinha sido a operação, como eu estava me sentindo, quando eu ia para casa, o que eu queria ver, ler, ouvir e comer. gente me despertando do meu primeiro soninho pós-cirúrgico tocando vinícius numa flauta doce do lado de fora do quarto do hospital (até agora estou aqui me perguntando se isso teria sido uma encomenda terrena - de algum de vocês - ou divina?). gente me visitando no monte klinikum e dizendo que eu estava com uma cara ótima, mesmo eu estando com uma cara péssima. gente me fazendo suquinhos, sopinhas, mingauzinhos, purêzinhos e mousse de maracujá. gente me trazendo häagen dazs de chocolate belga, tentando entender minhas mímicas, não me deixando só um só segundo, e ficando com o olho cheio d´água porque eu voltei para casa, sã e salva... estava absolutamente tranqüila e correu tudo bem, queridos. a "libertação da borboleta" foi um sucesso e as expectativas do por vir são as mais otimistas possíveis. voltei para casa em menos de um dia completo e a cada hora que passa me sinto um tantinho melhor (incrível como nosso corpo busca a perfeição e a cura a cada instante). agora é continuar quietinha por aqui até que eu me restabeleça por completo. queria agradecer o amor e as boas energias de todos e dizer que a gente sara mais rápido quando tem porque e por quem sarar. amo vocês. obrigada.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

prosopopéia

bom dia, tristeza
que tarde, tristeza
você veio hoje, me ver
já estava ficando
até meio triste
de ficar tanto tempo
longe de você...
[única parceria de vinícius e adoniran barbosa]
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"me abusei, hunf!"
meus processos emocionais são lentos, porém definitivos.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

TRÊS EM UM

durante o último hiato? digamos que a vida oscilou entre o desinteressante e o impublicável. nada a escrever aqui, portanto.
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cara ana cláudia, seria você a pessoa que me lê do novo méxico? satisfaça-me esta curiosidade, please?
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clara del valle, querida, a borboleta tem sentido conotativo. a incisão, desafortunadamente, não.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

EFEITO BORBOLETA

terça-feira libertarei, com incisão cirúrgica, a borboleta entalada em minha garganta.
[a cicatriz me fará lembrar que introspecção, circunspecção, contenção e reserva têm preço.]