está decidido. quando eu ficar velha, compro um apartamento charmoso nos jardins e vou morar em são paulo. sem precisar pegar a marginal para ir trabalhar, restrinjo minha vida ao quadrilátero formado entre a paulista, a estados unidos, a rebouças e a brigadeiro luís antônio. ali, deslocando-me sempre a pé, farei como as mulheres maduras que observei desta vez: resolverei minhas coisas práticas; verei todos os filmes de arte em cartaz na reserva cultural, no conjunto nacional e no espaço unibanco da augusta; tomarei cafezinhos solitários na starbucks da alameda santos, no havanna da bela cintra, no frans café da haddock lobo ou na ofner da campinas; gastarei largas fatias de minha merecida aposentadoria na livraria cultura e na fnac; almoçarei nos finais de semanas com meus poucos amigos no viena ou comerei com eles uma pizza na veridiana da josé maria lisboa nas noites de quinta-feira. visitarei com freqüência o masp, para conferir as exposições temporárias ou ficar alguns minutos diante do rosa e azul de renoir na galeria permanente, lembrando com saudades de minha infância na oliveira viana, onde tínhamos uma réplica na parede. irei regularmente ao teatro, especialmente aos dramas e às comédias, porque ainda serei uma mulher de extremos. e ainda me encantarei com o trianon - aquele monte de verde rodeado de cinza por todos os lados, inclusive o de cima.
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foto: vista terraço itália