quarta-feira, 27 de agosto de 2008

minha são paulo

está decidido. quando eu ficar velha, compro um apartamento charmoso nos jardins e vou morar em são paulo. sem precisar pegar a marginal para ir trabalhar, restrinjo minha vida ao quadrilátero formado entre a paulista, a estados unidos, a rebouças e a brigadeiro luís antônio. ali, deslocando-me sempre a pé, farei como as mulheres maduras que observei desta vez: resolverei minhas coisas práticas; verei todos os filmes de arte em cartaz na reserva cultural, no conjunto nacional e no espaço unibanco da augusta; tomarei cafezinhos solitários na starbucks da alameda santos, no havanna da bela cintra, no frans café da haddock lobo ou na ofner da campinas; gastarei largas fatias de minha merecida aposentadoria na livraria cultura e na fnac; almoçarei nos finais de semanas com meus poucos amigos no viena ou comerei com eles uma pizza na veridiana da josé maria lisboa nas noites de quinta-feira. visitarei com freqüência o masp, para conferir as exposições temporárias ou ficar alguns minutos diante do rosa e azul de renoir na galeria permanente, lembrando com saudades de minha infância na oliveira viana, onde tínhamos uma réplica na parede. irei regularmente ao teatro, especialmente aos dramas e às comédias, porque ainda serei uma mulher de extremos. e ainda me encantarei com o trianon - aquele monte de verde rodeado de cinza por todos os lados, inclusive o de cima.
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foto: vista terraço itália

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

sampa

amanhã tô lá. justo quando eu já quase sufocava aqui.
volto domingo, mas é tempo suficiente para pegar fôlego até o final do ano.
não vejo a hora de ir para longe. bem longe.

sábado, 16 de agosto de 2008

insensatez

ah, insensatez que você fez
coração mais sem cuidado
fez chorar de dor o seu amor
um amor tão delicado
ah, por que você foi fraco assim
assim tão desalmado?...
[vinícius de moraes e tom jobim]
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porque a mônica salmaso cantando insensatez é o que há
e desta vez me tocou profundamente.
e porque (re)assistir quem pagará o enterro e as flores se eu morrer de amores? esparramada no sofá da sala, tomando um cabernet sauvignon chileno numa taça apropriada,
pode ser o melhor programa de feriado ever.
um brinde ao delicado da vida!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

ní hao!

esta biroska foi recentemente linkada num blog bem interessante chamado crônicas urbanas. e eis que numa breve passagem por lá me deparei com um texto - pra lá de oportuno - de luís fernando veríssimo, intitulado pense na china, que transcrevo abaixo.
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Sugestão para um dia em que você não tiver nada com o que se preocupar e estiver até convencido que o mundo pode melhorar, deve melhorar, tem que melhorar. Finja que é agora. Simule otimismo. Imite alguém acreditando no futuro com toda a força. Faça cara de quem não tem dúvidas de que tudo vai dar certo. Convença-se de que tudo vai dar certo. Pronto? Agora pense na China.
Desanimou, certo? É impossível pensar na China e continuar, mesmo em fingimento, despreocupado. Dentro de muito pouco tempo vai acontecer o seguinte: a China vai tornar o resto do mundo supérfluo. Não vai ser preciso existir mais ninguém, de tanto que vai existir a China. O nosso destino é, enquanto a China cresce, irmos ficando cada vez mais desnecessários. Em, o quê? Vinte anos? A China terá o maior parque industrial, com a mão-de-obra mais abundante e portanto mais barata, da Terra, e produzirá de tudo para o maior mercado consumidor da Terra que será qual? O dos chineses, mesmo ganhando pouco. A China concentrará toda a atividade econômica do planeta entre as suas fronteiras. A China se bastará.
Mas não pense que vamos ficar assistindo ao espetáculo da auto-suficiência chinesa da cerca, esperando alguma sobra. Antes de se tornar definitivamente autocapaz a China terá que garantir as fontes da sua energia. O seu inevitável choque com aquele outro sorvedouro de combustível fóssil, os Estados Unidos, pelas últimas reservas de petróleo do mundo pode literalmente nos arrasar. Sugestão para a reflexão antes de dormir esta noite, se você conseguir dormir: o petróleo do Oriente Médio escasseando, dois monstros sedentos cuja sobrevivência depende do petróleo se enfrentando — e nós no meio. Ganhará o confronto final, nuclear ou não, quem tiver mais gente. A China tem muito mais gente do que os Estados Unidos.
Enquanto isto, a Índia… Mas chega. Reanime-se. A vida é boa, há borboletas, os pêssegos estão ótimos e a Copa vem aí. Eu, na verdade, não tenho com o que me preocupar mesmo. Estou a caminho da fase pré-fóssil e não estarei aqui quando tudo isto acontecer. Mas só queria avisar.
[Luís Fernando Veríssimo]
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bem de acordo com as minhas predições niilistas sobre o futuro da humanidade... o que eu penso quando penso na china? que a abertura dos jogos olímpicos de beijing foi uma excelente e perspicaz oportunidade de apresentar (ou relembrar) ao mundo a magnitude e grandiosidade chinesa. lindo demais, original demais, e um tanto amedrontador.

domingo, 3 de agosto de 2008

"ouve-me, ouve o meu silêncio. o que falo nunca é o que falo e sim outra coisa..."
[clarisse l.]