terça-feira, 24 de julho de 2007

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quarta-feira, 18 de julho de 2007

LUTO!

tristeza íntima desde ontem, apesar de toda a agitação externa. e sempre me vem Mário Quintana: "Essa vida é uma estranha hospedaria, de onde se parte quase sempre às tontas, pois nunca as nossas malas estão prontas, e a nossa conta nunca está em dia."
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amemos, queridos, nunca sacrificando ao exercício de outros deveres, este, sagrado, do amor.
amemos e digamos que amamos. e não percamos jamais uma oportunidade de abraçar aqueles que. lembremos, queridos, sempre, da finitude da vida - desta, pelo menos.

domingo, 15 de julho de 2007

ORAÇÃO AO TEMPO

e ontem foi dia de reverenciar o Tempo.
de comemorar a Revolução Francesa e o meu ano novo particular.
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"És um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho
Tempo Tempo Tempo Tempo, vou te fazer um pedido
Tempo Tempo Tempo Tempo
Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos
Tempo Tempo Tempo Tempo entro num acordo contigo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Por seres tão inventivo e pareceres contínuo
Tempo Tempo Tempo Tempo és um dos deuses mais lindos
Tempo Tempo Tempo Tempo
Que sejas ainda mais vivo no som do meu estribilho
Tempo Tempo Tempo Tempo ouve bem o que te digo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Peço-te o prazer legítimo e o movimento preciso
Tempo Tempo Tempo Tempo quando o tempo for propício
Tempo Tempo Tempo Tempo
De modo que o meu espírito ganhe um brilho definido
Tempo Tempo Tempo Tempo e eu espalhe benefícios
Tempo Tempo Tempo Tempo
O que usaremos pra isso fica guardado em sigilo
Tempo Tempo Tempo Tempo apenas contigo e migo
Tempo Tempo Tempo Tempo
E quando eu tiver saído para fora do teu círculo
Tempo Tempo Tempo Tempo não serei nem terás sido
Tempo Tempo Tempo Tempo
Ainda assim acredito ser possível reunirmo-nos
Tempo Tempo Tempo Tempo num outro nível de vínculo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Portanto peço-te aquilo e te ofereço elogios
Tempo Tempo Tempo Tempo nas rimas do meu estilo
Tempo Tempo Tempo Tempo"
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quinta-feira, 12 de julho de 2007

DA SAUDADE, sentimento tão canceriano

e hoje, lendo postais que não foram enviados a mim, me deparei, no verso de um com tulipas holandesas, com uma frase de Clarisse:
"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."
aí eu lembrei de Neruda:
"Saudade é a solidão acompanhada, é quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já. Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida... Saudade é sentir que existe o que não existe mais."
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e hoje não hei de dizer mais nada, senão isso: na minha condição de duplamente canceriana, enquanto a coca-cola continuar preta, seguirei sentindo saudades, de tudo.
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[a lembrança pinta certos dias com cores que nunca esmaecem.]

quarta-feira, 11 de julho de 2007

MEMÓRIAS DA EMÍLIA

"A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais. [...] A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. Pisca e mama; pisca e brinca; pisca e estuda; pisca e ama; pisca e cria filhos; pisca e geme os reumatismos; por fim pisca pela última vez e morre. - E depois que morre? - perguntou o Visconde. - Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?"
(Monteiro Lobato)
*junte-se a isso um coração sensível, um ambiente lúdico, uma voz infantil e um sem-número de luzinhas piscando e terás uma mulher de trinta chorando incontidamente no museu da língua portuguesa. quando em são paulo, queridos, não deixem de ir.
[e sim, eu ainda ando ruminando as coisas que vi por lá!]
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eu? jantando cereal matinal, porque sou é do contra.
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e próximo sábado eu vou comemorar com os de perto na mesa e os de longe no coração.

terça-feira, 10 de julho de 2007

CORES DA BAHIA

apaixonei-me à primeira vista pelas cores e sombras de candinho, um jovem pintor baiano. rodei salvador inteiro para encontrar um quadro do tamanho que eu imaginava. no último dia, deparei-me com esse aqui no mercado modelo. como ele estava destinado a ser meu, consegui um abatimento de seiscentos contos sobre o preço inicial e o trouxe para casa. todo dia olho para a parede da minha sala e penso que eu deveria ter pago os seiscentos réis a mais. porque ele vale e me faz feliz. uma vez tentei contar quantas pessoas tinham nele e me perdi repetidamente. virou uma questão de honra. algum desocupado se habilita a fazer essa caridade, pelamordeDeus?! cecília desenvolveu uma técnica e jurou que são sessenta e sete, mas eu quero a prova dos nove. dou dois pirulitos do zorro e um copo do meu suco verde para quem acertar.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

AUTO-RETRATO

"in.felicidade é uma questão de prefixo."
des.esperança, também.
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e, pegando o mote da moça que lembrou de mim quando leu essa frase, vamos de filminho que a falta do que dizer tá grande e o final de semana tá aí.


quarta-feira, 4 de julho de 2007

DOÑA EURÍDICE DE LA MANCHA

suco verde à base de couve, hortelã, pepino, cenoura, semente germinada e uma maçãzinha pra ficar gostoso que eu sou filha de Deus (coado num saco de escaline com furinhos feitos com incenso). chá verde intermitentemente. leite e sobremesas de soja. duas castanhas do pará por dia. e um copo de suco de uva. zero Bono. consumo limitado de lactose. massagem às segundas e quartas. esteira e uma musculaçãozinha leve quatro vezes por semana. yoga esporadicamente. eu contra os meus últimos exames. se eu não embonitar dessa vez, tem mais jeito não.
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naturebices à parte, ando aqui pensando, com meus botões, que os dias que passamos longe dos que amamos são inteiramente irrecuperáveis e que cada dia de vida é mais um dia a menos que um dia a mais.
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no mais, aproveitando as curtas férias de julho e as últimas surpresas dos trinta. me dando o luxo de adiar coisas práticas para passar boa parte dos dias esfregando o pé no meu lençol de percal 180 fios, enquanto leio, finalmente, os tantos livros acumulados do semestre. no momento, na página cento e vinte e quatro de O Vulto das Torres, produto de uma intensa pesquisa jornalística de Lawrence Wright, ganhador do prêmio Pulitzer 2007, na categoria não-ficção, que desenha a construção do pensamento radical islâmico, desde a década de 50 até o 11 de setembro; traça um perfil complexo de Osama bin Laden (estou muitíssimo bem impressionada com Mohammed bin Laden, seu pai); e decodifica as bases da Al-Qaeda. na fila, mais dois do gênero, começados e não terminados: Seis dias de guerra, de Michael B. Oren - fundamental para o entendimento do Oriente Médio contemporâneo, a despeito de seu enfoque notadamente pró-Israel - e Poder e Terrorismo, compilação de entrevistas e conferências proferidas por Chomsky pós-11 de setembro. na fila dos não-profissionais, releituras e dívidas pessoais: A Descoberta do Mundo e Perto do Coração Selvagem, de Clarisse; O Amor nos tempos do Cólera, de García Márquez; e Inventário do Irremediável e Morangos Mofados, de Caio Fernando Abreu.
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e diz Cervantes que Dom Quixote enlouqueceu de tanto ler.

terça-feira, 3 de julho de 2007

MONÓLOGO DE ORFEU

Mulher mais adorada!
Agora que não estás, deixa que rompa o meu peito em soluços.
Te enrustiste em minha vida e cada hora que passa é mais por que te amar.
A hora derrama o seu óleo de amor, em mim, amada...
E sabes de uma coisa? Cada vez que o sofrimento vem, essa saudade de estar perto, se longe, ou estar mais perto, se perto, – que é que eu sei!
Essa agonia de viver fraco, o peito extravasado, o mel correndo; essa incapacidade de me sentir mais eu, Orfeu; tudo isso que é bem capaz de confundir o espírito de um homem – nada disso tem importância quando tu chegas com essa charla antiga, esse contentamento, essa harmonia, esse corpo! E me dizes essas coisas que me dão essa força, essa coragem, esse orgulho de rei.
Ah, minha Eurídice, meu verso, meu silêncio, minha música! Nunca fujas de mim!
Sem ti sou nada, sou coisa sem razão, jogada, sou pedra rolada.
Orfeu menos Eurídice...Coisa incompreensível!
A existência sem ti é como olhar para um relógio só com o ponteiro dos minutos.
Tu és a hora, és o que dá sentido e direção ao tempo, minha amiga mais querida!
Qual mãe, qual pai, qual nada! A beleza da vida és tu, amada, milhões amada!
Ah! Criatura! Quem poderia pensar que Orfeu: Orfeu cujo violão é a vida da cidade; e cuja fala, como o vento à flor, despetala as mulheres - que ele, Orfeu, ficasse assim rendido aos teus encantos!
Mulata, pele escura, dente branco.
Vai teu caminho que eu vou te seguindo no pensamento e aqui me deixo rente quando voltares pela lua cheia para os braços sem fim do teu amigo!
Vai tua vida, pássaro contente! Vai tua vida que estarei contigo!

[Vinícius de Moraes, 1953, para a tragédia greco-carioca Orfeu da Conceição]
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Lindo, não? Acho que isso explica o batismo desta biroska.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

OBVIEDADES

Quando algo parecer bom demais para ser verdade, todo cuidado é pouco.
Quando uma coisa parecer boa demais para ser verdade, muito provavelmente é isso mesmo: uma coisa boa demais para ser verdade.
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E cá estou eu outra vez diante do poço das incertezas. Certas coisas só acontecem comigo.

domingo, 1 de julho de 2007

MALDIÇÃO QUE SALVA

Cansei de resistir ao meu ímpeto de escrever - as privações já são demais nesta vida.
Depois de meu poético encontro com duas das mais encantadoras espécimes do universo blogueiro, numa tarde recente em ipanema, recomeçar eu poderia de muitas maneiras, se a vida relatável fosse. Depois de meu reencontro com Clarisse, numa outra tarde recente na Estação da Luz paulistana, no entanto, estou certa de que não haveria outra forma de recomeçar senão desta:

"Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me lembro por que exatamente o disse, mas o disse com sinceridade. Hoje repito: escrever é uma maldição, mas uma maldição que salva. Não estou me referindo a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase possível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada..."

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É primeiro de julho, queridos, e estou de volta. Não sei por quanto tempo desta vez, mas devo avisar que estou disposta a enfeitar isso aqui com fotinhas e frases curtas, minhas e alheias, quando o tempo estiver curto ou a inspiração falha. Se a mão ainda está boa ou se dará certo não sei. Teremos de viver para ver se escrever é como andar de bicicleta.