sábado, 25 de agosto de 2007

E NÃO FORAM FELIZES PARA SEMPRE

e ontem eu vi a tristeza de frente, bem dentro dos olhos verdes de um moço que me contou uma estória de amor sem final feliz - mais uma entre tantas.
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os conheci há alguns anos atrás. ele, amigo de um amigo do fernando (paulistanos sempre acabam se esbarrando no ceará). ela, irmã do marido de uma amiga minha. neste mundo lost, em que todos estão irremediavelmente conectados, por que não estaríamos nós?
ele, um cara legal, tranqüilo, inteligente, mas de pouca sorte. havia migrado para cá em busca de melhores ares. abriu uma loja de decoração nas imediações da santos dumont que, apesar da boa localização, não dava lucro. pelejou com a loja até onde pôde, mas chegou o dia em que teve de fechá-la. passou, então, a vender travesseiros aromatizados com ervas calmantes - idéia bonitinha e bem intencionada, mas pouco viável financeiramente. pelejou com os travesseiros até onde pôde, mas a grana ficou curta demais e teve de voltar às origens. nunca mais ouvi falar dele, até ontem.
ela, uma moça com pinta de maluquinha, que sempre me pareceu tão desconectada do mundo real quanto ele. nisso davam bem certo. a conheci pouco, mas estivemos juntas vezes o suficiente para que eu percebesse que ela gostava um bocado mais dele do que ele dela. uns tempos depois, mais ou menos na época em que ele pelejava com os travesseiros, soube, por telefone, pela minha amiga, que é cunhada dela, que as coisas haviam desandado entre os dois e que ela estava bem mal. e nunca mais soube dela, até ontem.
ontem, nos encontramos - eu e ele - por acaso, quando eu já ia embora de um bar onde tinha ido encontrar uns amigos e comer uma pizza. ele explicou que tinha vindo a fortaleza resolver uns problemas jurídicos, que a vida em são paulo não estava nada fácil, que gostaria de ficar mais mas que tinha de voltar logo porque a mãe, que já era depressiva e diabética, tinha tido um avc - eu disse que ele era um moço de pouca sorte. de repente, como quem precisa falar no assunto mas não tem com quem, ele me perguntou se eu tinha notícias dela. disse que, depois que eles se separaram, e que ele foi embora, os dois sempre se falavam. faziam aniversário no mesmo dia e isso havia se tornado um excelente pretexto para restabelecer o contato. até o dia em que ela o pediu para que não a procurasse mais, porque assim ela não conseguia seguir adiante. passaram-se dois anos e meio desde então. essa semana, quis o destino que ele voltasse a fortaleza. e ele, que por amor a ela não a tinha procurado mais, pensou que não poderia ir embora sem antes saber notícias. chegou à conclusão de que o melhor a fazer seria ligar para a mãe dela, que a protegeria do contato se isso fosse o melhor. tomou fôlego e ligou. quis o destino que ela atendesse. chamou pela mãe, mas ela, como tinha de ser, reconheceu-lhe a voz. conversaram amenidades até que ele quis saber se ela tinha casado, se tinha tido filhos. foi quando teve de ouví-la dizer que estava grávida e que a cesariana estava marcada para a próxima quinta-feira. demorou um pouco para acreditar que ela não estava brincando e que quis o destino que ele estivesse aqui justo na semana em que ela viraria mãe. tomou fôlego outra vez e disse que gostaria de encontrá-la, de conversar, de ver sua barriga. ela consentiu - depois de hesitar por um segundo, imagino. já diria o vinícius que a hora do sim é o descuido do não. decidiram que seria na sexta, ontem. desligaram assim. aí veio o racional para dizê-lo o quanto isso poderia foder com a cabeça dela, e que isso não era justo, não nesse momento, não nessa semana. decidiu, então, que não a ligaria para marcar hora e local. mas ela ligou, para dizer que havia pensado e achado melhor não vê-lo, não nesse momento, não nessa semana. entre o homem de sua vida e um filho, uma mulher sempre decide pelo segundo. ele teve de concordar. os finais felizes são prerrogativa da ficção.

7 comentários:

  1. Finais felizes são prerrogativa da ficção... aff, que coisa triste!

    Aki em Neverland a gente não acredita nessas coisas não, tri! Aki a gente se fode mas se diverte, no mínimo. A gente se acerta, tropeça e não passa do chão...

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  2. Ai, li isso mais cedo e fui 'mimbora' sem comentar. gosto desses finais não, eu.

    E valha, que chique. tem um 'negoço' da lua aqui agora.

    beijo, tró. A gente merecia ir pra Salvador juntas, um dia.

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  3. Eu gosto muito destas histórias...E não sei bem porque as prefiro SEM final feliz, embora eu chore mais, gaste mais lenço e tals..rsrs...Acho que as sem final sção as mais viáveis e reais..a vida é assim né ? rs...Deve sre por isso que amei tua historia e deve ser por isso que AMo As Pontes rsrs....(o seu vácuo foi quebrado com uma imesnidade de belas palavras..Viu o tempo cura até vácuo) rsrs..beijo

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  4. esse coleguinha podia bem fazer parte daquela mesa de canto no Cafeína.....

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  5. Ai, como dói ver finais assim... Mas a vida é vasta, quem disse que isso será um final?
    De toda forma, penso que final feliz, pra mim, como diria o filósofo Roberto Carlos, é saber que "o importante é que emoções eu vivi",meio brega assim mesmo. Saudade de tu!!! Beijo

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  6. Can, tem um site em que vc pode adotar um bichinho virtual e colocar no blog. Tem um panda la. O link eh esse aqui: http://bunnyherolabs.com/adopt/

    bjim.

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  7. Bora aparecer por aqui, bora?

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