sexta-feira, 26 de outubro de 2007

PERDER O VAZIO É EMPOBRECER

minha solidão é vasta e silenciosa. não é triste, nem alegre. é mansa. quer calar, quer entender. quer desapegar-se de tudo. quer antes ouvir do que falar. não quer conselhos alheios, apenas os próprios. é egoísta, não divide. não está disposta. não quer, não vai, não faz. vê filmes, ouve músicas, lamenta não ter tido tempo para livros não-profissionais. espanta-se - ainda! - com a ironia da vida. atravessa oceanos. alcança montanhas de terras distantes, onde tudo é terracota. sente muito. cala fundo. sonha adoidado. pensa, pensa demais, e espera. é paciente, e muito racional. por vezes, distrai-se com coisas mundanas: cargo, carro amarelo, roupas e cabelo novos. noutras, com coisas divinas: um fim de tarde lilás ou a lua cheia de outubro. distancia-se do mundo. e vai tomando a dolorosa consciência do tempo.

8 comentários:

  1. às vezes a gente conjuga a tristeza com o cotidiano e vai seguindo ! rs beijo !

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  2. né tristeza não, querida. apenas a clareza de estar intimamente só. só isso. beijo pra tu!

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  3. aiiiiiiiiiiii, tri...eu sei exatamente o que é isso...

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  4. gentem, ela postou!!!!! (e com a delicadeza que tanto me faz falta!)

    bem tri, nisso "dolorosa consciência do tempo" te acompanho de olhos fechados... se coubesse um paliativo, seria a tal oração do tempo, de Caetano que mencionei complementando em essência um texto bárbaro de Ana D. Vale a pena um confere.

    mas como a vida urge e as entidades me parecem ocupadas com as coisas mais periféricas às almas donquixotescas, sugiro que sigas te ocupando e te interessando por tudo, mas nada tanto assim. hohoho

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  5. Engraçado vc ter falado na lua cheia, pq essa lua de outubro vai ficar na minha memória, pude ve-la de uma forma tal que lamento até agora a minha falta de vocação poética. Daria um poema lindo, ou uma cena digna de Fellini, sem exagero.
    Essa solidão mansa ainda me é muito estranha, intrigante, conto em dois dedos as vezes em que a senti presente.
    Um beijo

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  6. Affff...vim (re)descobrir isso hj... acho que é saudade da sua energia, sempre "sobrinha"... bjocas!

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  7. Mereço um cascudo e um puxão de orelha... :( Ando ingratamente ausente do labirinto blogsférico e perigosamente ausente de mim mesma... Sou ré confessa.
    Lindas palavras, Can! Lindas e certeiras. Acertaram em cheio algo que permanece mudo e que no momento só consegue reconhecer o que o toca, o que o atinge certeiramente... como essas palavras... Ser compreendida e abraçada por elas é algo que não tem preço. Tomar a consciência do tempo é algo extremamente doloroso, mas uma dor necessária, justamente para lembrar que distanciar-se do mundo pode ser uma brincadeira bem perigosa.
    Desculpa pela ausência, Can...
    Bjao.

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  8. Can
    VC TEM q postar aqui mais vezes. Adoro tudo que escreve...
    BJk

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