segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

absoLUTO!

queridos, estou aqui, quietinha ainda, ferida, com o celular desligado, refugiada na minha carapaça de caranguejo, ainda na casa dos meus pais, sob os cuidados e amor intensivos dos meus. falta-me, literalmente, um pedaço. perdi meu bebê às onze semanas de gestação e parte do coração. tenho tentado ser forte. enfrentei com coragem o invasivo procedimento hospitalar da última terça-feira. choro pouco, e em silêncio. parece que a anestesia anestesiou-me a alma. não há proporção entre o que choro e o que sinto. vez por outra escorre-me uma lágrima (fora de contexto) de um dos olhos. estou certa de que um dia (que pode ser amanhã ou daqui a vinte anos), em algum lugar (talvez o chão do meu banheiro ou diante do grand canyon), chorarei todas as lágrimas não vertidas estes dias. hoje, uma semana depois, me sinto um tantinho melhor. devo agradecer – e por isto, em grande parte, estou aqui – às mensagens, aos e-mails, aos scraps, aos buddypokes, às tentativas frustradas de falar comigo (devidamente registradas pela oi), às visitas no hospital, às boas vibrações e ao amor enviados por telepatia ou outra espécie de sintonia espiritual ainda não rastreada pela ciência, às nhás bentas, às substituições no trabalho... muito obrigada, mesmo. quinta-feira acaba minha licença médica e devo retomar minhas atividades normais, o que certamente me ajudará a tocar a vida para a frente, como deve ser. pouco depois virão as férias e o providencial fim deste bissexto tão emocionalmente complexo para mim. vou viajar. sair daqui um pouco me fará um bem danado, eu sei - sempre faz. só não sei ainda para onde. os últimos acontecimentos zoaram toda a programação, que originalmente incluía praga, paris e londres. foi um tal de "vai", "não vai mais", "vai de novo não sei mais para onde" que não estranharei se acabar decidindo na véspera. tenho pensado em portugal. as passagens da tap estão compradas e temos um apartamento (vazio e muitíssimo bem localizado) para ficar em lisboa. perderíamos o trecho até praga e a passagem de trem entre paris e londres, mas em compensação não gastaríamos os milhões de euros não programados antes da crise financeira mundial e manteríamos o projeto "europa com sérias restrições orçamentárias". no mais, seria uma viagem absolutamente sem stress, como pede o meu momento. friozinho suportável, correria zero, muita calma para fazer tudo, retornar a cascais, ao estoril, ir a sintra, talvez ao porto, ou rumar para o sudeste, atravessar a fronteira para a minha terra e passar uns diazinhos em sevilla... dar um olé em 2008 e entrar 2009 bem longe daqui. outra possibilidade, menos pretensiosa, é cumprir o já tradicional ritual paulistano de natal. por hora, nada sei. pode ser uma coisa, outra, as duas, ou nenhuma das duas - o que, confesso, me irritaria profundamente num outro momento, mas não agora. os últimos acontecimentos me lembraram a impermanência da vida e a inutilidade dos grandes planejamentos. à medida que as coisas forem se redesenhando, vou contando a vocês, tá bem assim?
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beijos especiais para aqueles que com palavras e/ou atos me ajudaram a sobreviver à esta semana: dr. olimar, dr. marcelo, mônica, clara-lu, carol troço, claudinha mãe-do-troço, carol prima, nana, pri, manu, gê, olive, ju, juju, otávio, camis, vanis, abniza, chelzinha, nic, saulito, mari, déa, tuca, vicente, san, toti, kika, dona vera, seu luís, tia lulu, tio odar, davi, dani, vovós, tio régis, tio rogério, tio fernando, cecis, alê, nídia, socorro, eliana, sand, sam, henry, nininha, lilil, chrys, sharon, zezê, fê, papi e momi.
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recado especial para clara-lu: o importante é tomar nossos rinocerontes por camundongos e não perder o bom-humor jamás. e eu prometo voltar a sorrir como o gato da alice. pode demorar um pouquinho, mas prometo.

4 comentários:

  1. acredite, meu trocinho. continue nessa melhora, que ocorre devagar, como Deus manda. e lembra do recadinho de minha mãe :)

    tô aqui, sei que tu sente!
    amo grande.

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  2. Tenho certeza disso, é inerente à tua natureza, querida. Da mesma forma que é inerente à natureza da dor sangrar até a última gota, nenhuminha a mais ou a menos.

    Como eu já disse, vai ter sempre alguém pra lhe regar o jardim e dormir no teu sofá... ♬ vc já vai voltar...♬

    Te amo muito, receba meu carinho.

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  3. Lembrei de uma conversa nossa no banquinho do jardim da academia da Monica (?, não lembro mais) qdo era tua aluna. Vc dizia que vc tinha algo de espanhol pq qdo vivia a tristeza e alegria profundamente. Pois viva profundamente essa tristeza pra gasta-la toda, pra depois a alegria tomar conta. Torcendo por ti sempre. bJuuu

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  4. Sinta-se abraçada, beijada, acarinhada, acolhida!

    Amutu!

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