terça-feira, 13 de janeiro de 2009

redação: minhas férias

ah, queridos, a viagem, como vocês podem ter deduzido pelo regresso do sorriso do gato da alice ao meu rosto nas fotos postadas, foi maravilhosa. descansei mais a cabeça do que o corpo e aquietei um bocado o coração, o que, no meu caso, é sempre algo a comemorar. depois de todos os acontecimentos de 2008, parece-me que nada me cairia tão perfeitamente bem como começar 2009 às margens do guadalquivir – nem mesmo começá-lo às margens do sena, que era a mais pomposa programação inicial. (estou cada vez mais certa de que a vida tem vontade própria!).
voltar à lisboa foi um excelente pretexto para ir ao porto, a santiago de compostela, a sevilla, a óbidos e a sintra, e também para passar um dia em madrid, revisitando meus lugares preferidos, com destaque, naturalmente, para o meu (parque del) retiro, que decididamente é o lugar do mundo inteiro que mais se parece comigo. vou logo avisando que se algum dia vocês forem ao retiro e não se lembrarem de mim, podem esquecer que eu existo, apagar meu telefone e me excluir de vossos orkuts – uma ofensa imperdoável!
durante estes dias no velho mundo, caiu-me a ficha de que a coisa que eu mais gosto da europa, e que me faz escolhê-la sem pestanejar como meu continente mais atraente, é a perenidade das coisas. voltar catorze janeiros depois a lisboa e perceber que, à exceção da moderna (e linda!) arquitetura de calatrava do parque das nações, inaugurado por ocasião da expo 98 na parte mais oriental da cidade, quase tudo permanece no mesmo lugar, até mesmo a loja de vinhos do seu napoleão – um simpático senhorzinho com quem conversamos, eu e mamãe, em janeiro de 95 – é bonito e particularmente reconfortante para mim, que sou uma mulher, sob muitos aspectos, perene. perceber que, excetuando-se as novas esquadrias (sou filha de arquiteto e conhecedora, portanto, do vocabulário técnico da construção civil) das janelas do meu quarto, na calle valderrey 32-1A, em madrid, não apenas o prédio, mas todo o entorno, continuam imexidos, é de uma alegria e de um enternecimento talvez apenas conhecidos por corações cancerianos como o meu.
dei-me férias de tudo: do trabalho, do despertador, do celular, do computador, do salto alto, das convenções, das pessoas, da dieta, e até mesmo da intolerância à lactose. e que a mamãe não leia esta biroska, mas foi tanto leite integral com cola cao, tanto chocolate com churros, tanto pastel de belém, tanto cream cheese e tanto sorvete que estou certa de que se eu não estivesse sob a proteção de meus deuses europeus, eu teria baixado o hospital pelo menos umas duas vezes... e olha que eu não senti absolutamente nada! no mais, andei tanto, mas tanto, e subi tanta ladeira e tanta escada, de tanto metrô, de tanta igreja e de tanto castelo, que engordei, com toda essa comilança, apenas e tão somente um único e mísero quilo. (levando em consideração o meu projeto de emagrecer cinco quilos nos próximos cinco meses, incluir um quilo a menos e um mês a mais ainda me deixa no lucro!).
obviamente que depois de uma viagem como esta, a tantos lugares lindos e inspiradores, muitos são os momentos para se ver em filme no último segundo da vida. tantos, que eu não conseguiria escriturá-los todos aqui. se eu tivesse de escolher apenas seis deles para dividir com vocês, seriam estes, em ordem cronológica: o primeiro pôr-do-sol às margens do tejo, na torre de belém (aquele que eu postei a foto lá embaixo); o vento gelado no rosto enquanto eu caminhava pela ponte sobre o rio douro, no sentido gaia – porto; a primeira vez que eu vi a catedral de santiago de compostela, iluminada, numa noite mágica e sob uma garoa tão fina que a gente via a água contra a luz, mas não a sentia; minha sagrada caminhada pelo retiro, em madrid; a missa da paz do primeiro de janeiro, celebrada em espanhol, e tocada com guitarras flamencas e castañuelas, na magnífica catedral de sevilla; e a última lua (cheia) portuguesa, na gare do oriente.
são inúmeras, queridos, as possibilidades desta vida – e isso é algo bem providencial para lembrarmos neste começo de ano, não?
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*a foto postada é da inquietante frase de cesário verde - poeta português - gravada em azulejos numa das paredes da estação cidade universitária, no metrô de lisboa, pela qual passei (não completamente ilesa!) algumas vezes estes dias.

4 comentários:

  1. "o vento gelado no rosto enquanto eu caminhava pela ponte sobre o rio douro, no sentido gaia – porto"
    Percebo esta sensação..rsrs..Tão feliz por vc tá vivendo tantas coisas belas..rs Beijosssssssss

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  2. Tia Mônica te dá nota 10 pela redação, querida tri

    beijão

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  3. Que bom que aproveitou bastante e que posso voltar a ler seus posts sempre inspirados e inspiradores! Que em 2009 vc possa ter infinitas alegrias, bjos mis.

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